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Para aprofundarmos as discussões sobre as desigualdades raciais existentes no mercado de trabalho no Brasil, é preciso falar de um dos processos históricos que mais marcou o nosso país: a escravidão de africanos e seus descendentes. Como sabemos, este tipo de trabalho compulsório esteve presente desde o século XVI até o final do XIX.

Atividade 1

Veja as imagens abaixo. Qual delas lhe faz lembrar imediatamente ao trabalho escravo?

Ao contrário da ideia de que escravo era sinônimo de trabalhador no cultivo de produtos agrícolas, sabemos que a escravidão não ocorreu exclusivamente em cenários rurais, pois parte da experiência de milhares de escravos se deu em paisagens urbanas, ou seja, em cidades.

Pensar em uma escravidão urbana nos oferece um maior leque de compreensão acerca do que significou ser escravo ou escrava no Brasil do século XIX e contribui para desmistificar a imagem tão difundida de que ser cativo era sinônimo de casa grande e senzala, plantations monocultoras e trabalho tão somente rural.

São Paulo, Salvador, Porto Alegre, Maranhão, Recife e Rio Janeiro foram as mais importantes sociedades escravistas urbanas do nosso país. Nestes espaços citadinos, milhares de africanos e crioulos – ou seja, escravos nascidos no Brasil, exerceram as mais diversas profissões necessárias ao funcionamento de uma cidade, para além da imagem de escravo no eito do campo.

Muitos historiadores dedicam-se a estudar a escravidão que ocorreu especificamente nas cidades. A partir dessas pesquisas, ficou comprovado que a cidade do Rio de Janeiro foi a que mais recebeu escravos e escravas vindos do continente africano em todas as Américas no século XIX (1801-1900).

Escravidão Urbana 

 

Uma pergunta se faz presente: em quais atividades essa grande população escrava foi empregada? Quais trabalhos ela exercia?

Para responder a tais questões, gostaríamos de apresentar a vocês os "Mundos do Trabalho" de uma sociedade escravista urbana no século XIX. Para começar esta conversa, observe esta tabela ao lado :

 

ATIVIDADE 2

Observe a tabela sobre as profissões nas freguesias urbanas do Rio de Janeiro no ano de 1872 e indique quais são os ofícios desempenhados exclusivamente por homens e por mulheres.

A partir destes dados, observamos que esses trabalhadores cativos possuíam profissões. Isto nos mostra que os escravos não formavam um grupo homogêneo; ao contrário disto, percebemos que o Rio de Janeiro possuía indivíduos em situação de cativeiro nos mais diversos serviços urbanos.

Atividade 3

 Para conhecer melhor os trabalhos domésticos, vamos analisar como era um jornal do século XIX. Estes jornais nos servem como fontes históricas para entender o passado. Siga estas instruções:

-Acesse o link da Hemeroteca Digital brasileira em: www.hemerotecadigital.bn.br

- Pesquise o Periódico Diário do Rio de Janeiro no ano de 1830.

- Abra as páginas do jornal e veja os anúncios de venda de escravos.

- Cite em quais atividades os escravos domésticos estavam empregados.

- Aponte as principais características descritas sobre o escravo à venda.

- Agora que você já sabe sobre os anúncios de venda dos períodos do século XIX, produza uma narrativa sobre um escravo ou escrava doméstico descrevendo seus principais afazeres dentro de um lar senhorial na cidade do Rio de Janeiro. Atribua um nome ao seu personagem e descreva o tipo de família que ele ou ela servia.

Diversos viajantes europeus estiveram no Rio de Janeiro do século XIX observando os hábitos e costumes da população escrava. Um dos mais famosos viajantes do período foi o francês Jean-Baptiste Debret que produziu relatos de sua passagem no Rio de Janeiro e pinturas sobre a população africana e afrodescendente no Rio escravista.

TABELA SOBRE POPULAÇÃO ESCRAVA DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, CONSIDERADA EM RELAÇÃO ÀS PROFISSÕES (POR SEXO): ANO DE 1872.

 

Fonte: Recenseamento da população do Município neutro de 1872. IN: Soares, Luiz Carlos. O povo de Cam na Capital do Brasil. pp. 409. 2007.

*Jornaleiro diz respeito a serviços em que o escravo ou escrava recebida o jornal, ou seja, uma remuneração pelo dia de trabalho feito para seu senhor.

ATIVIDADE 4

Elabore uma pesquise sobre a trajetória deste viajante em nossa cidade, atentando-se para os seguintes pontos:

- Utilize a internet para saber dados de sua biografia

- Pesquise o que foi a chamada Missão Artística Francesa e sua relação com Debret

- Descubra em qual bairro do Rio de Janeiro este viajante morou

- Pesquise dois quadros que este pintor produziu, sendo cada pintura sobre ofícios diferentes.

- Você pode construir seu trabalho em formato de jornal, revista, redação, blog, perfil no Facebook, dentre outros.

 

Preta Mina

 

Eu tenho uma namorada /Que é mesmo uma papafina /Lá na praça do mercado / Digo logo: é preta Mina.

Laranja, banana, / Maçã, cambucá / Eu tenho de graça / Que a preta me dá

Em noites de frio / Das que ela mais gosta / Me estende por cima / Seu pano da Costa.

Mas quando ao longe me vê / Grita logo: Acugelê! / Vem cá dengoso, vem cá... / E diz-me ao ouvido /– Acubabá! / Certo dia um senador / Quis fazer-se de bonito...

Mas a preta, que é só minha, / Foi às ventas c’ um palmito.

Caruru apimentado, / Que ela faz com tanto jeito / Dá-me às vezes, tão somente / Para me ver satisfeito.

 

(Poema de Xisto Bahia em Negro de corpo e alma. Catálogo da exposição “Mostra do redescobrimento Brasil 500 anos”, São Paulo, 2000, p. 256.)

Atividade 5

Ao narrar sobre uma preta de “nação” Mina, o autor do poema cita um trabalho urbano essencialmente protagonizado por mulheres.

-Que ofício é este?

- Pesquise sobre o que foi a escravidão ao ganho e suas principais marcas.

- Pesquise o que é um “Pano da Costa”

- Para aprofundar seus conhecimentos, leia o artigo da historiadora Selma Pantoja disponível em: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/da-kitanda-a-quitanda

Atividade 6

Observe estas duas pinturas de Jean Baptiste Debret sobre trabalho escravo. Analise estas fontes e diga: Quais elementos expressam semelhanças entre as imagens? Indique os tipos de ofícios representados em cada imagem e seus respectivos cenários.

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